Por Pr. Alan Kleber
(Presbiteriano) - 25 de Fevereiro de 2012
Confesso que o desafio se não for igual é ainda maior, pois do mesmo
modo que a relação conjugal, o relacionamento entre pais e filhos está em
crise. Crise de liderança da parte dos pais. Crise de rebeldia da parte dos
filhos. O resultado? Problemas sérios de comunicação na família. Acho que por
isso demorei a escrever sobre o assunto!
Então, pensei em escrever sobre o tema baseado no que Paulo ensina aos
Efésios sobre a relação entre pais e filhos (Efésios 6.1-4.)
Porque o Senhor Jesus os ama. Ele mesmo disse que dos pequeninos é o
reino dos céus (Mc 10.13-16). É por isso que a Bíblia tem uma mensagem
importante sobre esse tema.
UMA PALAVRA AOS FILHOS (6.1-3)
1. Uma mensagem simples e direta aos filhos (6.1). Eles devem
obedecer a seus pais, e esta obediência deve ser motivada não somente pelo
amor, gratidão e estima por eles. Embora tais motivações sejam muito
importantes, a obediência deve ser “no Senhor, porque isto é justo”.
Em outras palavras, porque eu amo ao meu Senhor Jesus Cristo, eu obedeço àqueles
que ele escolheu para me pastorear. A ordem bíblica para a harmonia dos
relacionamentos familiares é sempre a mesma. O meu amor e devoção a Cristo irá
moldar o meu amor e honra para com meus pais.
2. Paulo fortalece o seu ensino por meio de uma referência à Lei de Deus
(6.2, 3). Ele lembra aos filhos o 5º Mandamento para lhes explicar que honrar pai
e mãe significa:
a) Amar. A Bíblia nos ensina que o amor e a obediência caminham juntos.
O filho demonstra verdadeiro amor para com seus pais quando os honra.
b) Aceitar suas determinações com obediência. O amor é fruto da graça de
Deus em nossas vidas, enquanto a obediência é a resposta de gratidão a esse
amor. A submissão que um filho deve aos seus pais quando exercida no Senhor se
fundamentará sempre em Deus e em sua Palavra.
c) Mostrar um espírito de respeito e consideração. O filho deve sempre
respeitar seus pais, nunca envergonhá-los ou zombar de suas fraquezas e
deficiências.
d) Demonstrar tudo isso tanto para o pai como para a mãe, porque ambos
são iguais em autoridade para com seus filhos. Diante de Deus, amor,
obediência, respeito e consideração são iguais quando um filho olha para seu
pai e sua mãe.
Por que este é um mandamento tão importante? Porque Deus promete
longevidade àqueles que honram a seus pais. A resposta se acha na promessa
ligada a ele: “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a
terra”. O que acontece quando fazemos o contrário? Apresento pelo menos
algumas consequências:
a) A Desobediência aos pais indica uma vida indisciplinada.
b) Conduz ao vício e a destruição.
c) Associado a outros pecados semelhantes, diminui a expectativa
de vida. O grande número de mortes entre os jovens brasileiros é uma
terrível prova disso.
Filhos indisciplinados representam a ruína para a família, para a
igreja, para uma nação. A grande causa da desestruturação familiar, crise de
autoridade na igreja e toda quebra de valores morais e éticos que enfrentamos
em nosso país resultam de uma geração de filhos desobedientes e
indisciplinados. Porque todos os problemas começam em casa, Paulo continua sua
admoestação se dirigindo agora aos pais.
UMA ADMOESTAÇÃO AOS PAIS (6.4)
1. Paulo também apresenta uma orientação aos pais (6.4). Ele se volta em particular
para os pais (embora com aplicação também as mães) e diz, “… não
provoqueis vossos filhos à ira”. Paulo se dirige especialmente
aos pais por duas razões: (1) porque como pastores de seus lares são
responsáveis pela educação de seus filhos. (2) porque na maioria dos casos, os
pais necessitam muito mais do que as mães desta admoestação bíblica. Na maioria
das vezes, nós pais somos os principais culpados por provocar a ira no coração
dos nossos filhos. Como assim?
(1) Quando protegemos excessivamente. Nada em excesso faz bem.
Superproteger um filho irá estragá-lo. Não são poucos os que dizem: “Ah! Se
meus pais não tivessem me protegido tanto, eu saberia andar de bicicleta ou
nadar!”.
(2) Quando preferimos mais um filho a outro. O exemplo de Isaque e Rebeca
servem como ilustração. Ele favoreceu mais a Esaú; ela preferiu mais a Jacó. O
resultado? Você já sabe não é? (Gn 25.28).
(3) Quando desestimulamos e oprimimos. Nós somos muito bons em corrigir,
mas duros e frios em reconhecer as coisas boas que nossos filhos fazem. Conheço
um pai (que se diz cristão) que não aceita que seus filhos cheguem a casa com
uma nota abaixo de 9,5. Seus filhos vivem oprimidos e desestimulados.
Definitivamente, isso não é pastorear o coração dos filhos segundo Efésios 6.
(5) Quando somos negligentes. No conflito entre Davi e seu filho
Absalão, quem você acha que falhou primeiro? A falha era somente de Absalão?
Não foi também Davi parcialmente culpado por negligenciar seu filho (1 Sm
14.13, 28)?
(6) Quando usamos palavras ásperas e violência física direta. A
disciplina física quando necessária deve ser feita em amor, nunca com
violência. Crueldade e palavras ásperas cheias de humilhação são pecaminosas e
criminosas.
2. Paulo conclui seu ensino confrontando o aspecto positivo com o
negativo. Ele diz que ao invés de provocar em nossos filhos à ira devemos
educá-los “… na disciplina e admoestação do Senhor”. O que
aprendemos com isso?
a) Que antes de sustentarmos os nossos filhos com comida, boa educação e
lazer, nossa obrigação é educá-los e discipliná-los para que temam ao Senhor. A
provisão espiritual deve vir antes da material. Se jogamos mais bola ou vídeo
game do que oramos e lemos a Bíblia com nossos filhos; se trocamos o Dia do
Senhor pela praia, ou Shopping Center, estamos invertendo as prioridades.
b) Que a educação dos nossos filhos deve ser cheia de amor e brandura.
Contudo, isso não exclui a firmeza (ver Hb 12.11). “Disciplinar”
diz respeito especialmente ao que se faz ao filho, enquanto, “admoestar”
envolve primariamente o que se diz ao filho. Admoestar é educar com eficiência
por meio da comunicação, seja ela ensino, advertência ou estímulo.
c) Toda a disciplina e admoestação ao filho devem ser “do Senhor”,
ou seja, toda a atmosfera emp que a educação é dada deve ser tal que o Senhor
possa colocar sobre ela sua benção aprovadora.
CONCLUSÕES PRÁTICAS
(1) Uma palavra aos filhos: Honrem seus pais como vocês honram
ao Senhor. Amem a seus pais como vocês amam ao Senhor. Obedeçam a seus pais como
vocês obedecem ao Senhor. Se fizerem isso os problemas de comunicação serão
superados.
(2) Uma palavra aos pais: Cuidem para que seus filhos sejam
criados com amor segundo a Palavra de Cristo. Exercitem a boa comunicação.
Disciplinem e admoestem com um santo desejo de que eles sejam crentes e não se
percam. O próprio coração da educação cristã é conduzir o coração da criança
ao coração de Seu Salvador.